Susybar

Apague a luz… pra tudo ser mais claro

Textos

Devaneios em aquarela - (Homenagem a Inos Corradin)
Tive a pretensão de te querer
E, de tanto querer...

Quando vi pensei... Não creio
Não sei se ele ou ela, mas estava ali,
Com suas formas belas, de um jeito meigo
De cores singelas desafiando meu entender...

É simplesmente complexo
E completamente simples...
Contando histórias para quem quiser ver
Nas  ¨entrepinceladas¨ linhas do seu pintar...

É tão viva que me comove
E quem disser que é morta
Não sabe da dor de renascer
Na natureza multicor de um vaso em flor...

Olho mais atentamente fazendo cara que entende
O conceito formal do vaso escultural que denuncia,
Freneticamente protesta por não ter vez na tua arte...
- Não sou eu, diz o vaso...

Percebo então, sutilmente, tímida, discretamente
Uma discreta asinha comportada, à direita,
Tentando em vão passar despercebida, relevando...
A xícara... Mas como? Simplesmente assim?
Coisas de Corradin...

Deixo-me ainda levar pelo mistério das formas...
Tons sobre tons sigo divagando
Sobre o vôo mágico do beija flor
E a camuflagem das folhas

Seria uma tentativa insana de tal ave ao anonimato
Ou simplesmente fato natural, da natureza ali
Representada tão vivamente, imitando o pássaro
E se misturando ao irreal...

Talvez divagasse em sonhos
Talvez eu é que não seja normal...
Mas me arrisco em outra história
De um amor fatal...

Juramentado entre dores
Entrelaçado nos vértices
De um triângulo obscuro
Três flores

Não sei dizer qual mais bela
Mas, na aquarela se destaca o meio
Seu vermelho revela a porção dobrada
De dor e paixão.

E vou mais  fundo pois percebo nela
A dúvida que divide seu amor e, em agonia
Pede pela poesia, explicação:

- Não tema. As três são belas e eternas...
Vão conviver como quem abdicasse
Da pseudo natural monogamia
E se entregasse a orgia real da exposição clara, explícita
Da não fronteira do amor. Do sexo e da dor...

È um quadro desejado, conquistado, aprisionado,
Enquadrado e pregado, condenado à parede,
Ao meu bel prazer
Mas tanto mal justifica a posse. Porque não posso?

Resolvo esquecer tudo e dormir o sono dos justos...
Ao acordar pela manhã, me estico toda e olho o quadro...
Parece tudo normal... Já não me olham como se me vissem...
Jocosamente, pergunto ao quadro:
- Ola... Tudo bem na casa nova?

Estremeço quando respondem
- Tudo bem... Estamos Inos...

susybar
Enviado por susybar em 08/12/2010
Alterado em 14/11/2019
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras